quinta-feira, 7 de abril de 2011

Currículo digital e perfil na web facilitam processos de seleção

Fonte: Valor Online

Que o currículo em papel está praticamente extinto não é novidade. Enviá-lo a uma empresa para se candidatar a uma vaga soa hoje quase tão ultrapassado quanto usar os termos "holerite" e "bilhete azul". Toda grande corporação passou a oferecer em seu site a opção de cadastro de currículos e de candidatura às vagas anunciadas - quase sempre o sistema é terceirizado, desenvolvido por uma empresa especializada. "O currículo digital facilitou o trabalho de seleção dos departamentos de recursos humanos e aumentou as possibilidades para que um profissional encontre quem valorize seus atributos", diz o gerente de marketing da Vagas Tecnologia, Luís Testa.

A Vagas tem cerca de 1.300 empresas clientes, incluindo 45 das 100 maiores corporações brasileiras. No site central, o vagas.com.br, quem está à procura de emprego pode cadastrar o currículo e checar, gratuitamente, as oportunidades disponíveis. A empresa administra mais de 4 milhões de cadastros no site geral e outros 44 milhões nos bancos de dados exclusivos de cada cliente. O negócio tem se mostrado tão promissor que a Vagas deve dobrar o número de funcionários neste ano - de 80 para 150 - e conseguiu multiplicar por quatro o faturamento desde 2007, passando de R$ 3,3 milhões para R$ 13,3 milhões em 2010. A receita se origina dos contratos de licenciamento para uso do software de cadastro e gestão de currículos. Uma das novidades, oferecida às parceiras a partir do final de 2010, é um software que publica automaticamente no Twitter oficial da empresa interessada cada nova vaga anunciada por ela.

A substituição do papel pela versão digital não elimina os preceitos básicos de um bom currículo - sintetizar, de forma organizada e clara, os principais dados pessoais, profissionais e educacionais do candidato a um emprego. Curiosamente, no entanto, o uso da tecnologia está trazendo de volta alguns aspectos tradicionais. Um deles é a possibilidade de incluir informações que vinham sendo descartadas diante da orientação geral de produzir documentos sucintos, de no máximo três páginas, pois ninguém teria tempo para ler mais do que isso.

Outro aspecto que voltou a ser valorizado nos currículos são as indicações de pessoas que já trabalharam com o profissional, tanto como superiores quanto como pares. "Um currículo precisa ser sóbrio, e não autopromocional. Muito mais apropriado do que dizer que 'faz e acontece' é incluir o contato de três ou quatro boas referências, de preferência relacionadas aos dois últimos empregos", diz o diretor de operações da Robert Half no Brasil, William Monteath. A consultoria oferece em seu site modelos de currículos virtuais.

Muitos profissionais estão empenhados em tirar proveito da internet. Por enquanto é uma postura mais encontrada entre aqueles que trabalham com TI, mas a tendência é que essa preocupação se amplie gradualmente para as demais áreas. Keith Matsumoto, 30 anos, analista de inteligência de mercado da Alog Data Centers, uma provedora de infraestrutura de TI, fez a "lição de casa": criou um site em que trata de assuntos profissionais, estruturou um perfil sóbrio no LinkedIn e não dá derrapadas nos demais sites de relacionamento dos quais participa. "A internet é o mais público de todos os lugares, porque é vigiada por milhões de pessoas, 24 horas", diz. O esforço foi recompensado há um ano e meio, quando a Alog chegou a ele justamente fazendo pesquisas pela rede. A mesma estratégia está sendo adotada pela empresa para preencher as 40 vagas em aberto - com 410 funcionários neste momento, a Alog vem apresentando crescimento na receita em torno de 20% ao ano. "Fazer sondagens de perfis na internet se tornou parte da nossa rotina aqui no RH. Estamos sempre à procura de profissionais antenados", diz a coordenadora de treinamento, Fernanda Oliveira.


Maurício Oliveira | Para o Valor, de São Paulo


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