quinta-feira, 22 de abril de 2010

Entrevista para o site Saber & Sorrir

Fui entrevistada para o site Saber & Sorrir aqui em Portugal.
Fiquei muito feliz e grata por poder falar sobre a importância das pessoas no ambiente de trabalho e quanto as organizações positivas contribuem para o crescimento pessoal e profissional dos seus colaboradores.
Quero dividir com vocês a entrevista.
O link do site Saber & Sorrir com a entrevista é:


Dr.ª Elisangela Dias – Organizações Positivas

Licenciada em Gestão de Recursos Humanos e Pós Graduada em Gestão de Projectos, Coach, consultora na área de recursos humanos, actuando há mais de 15 anos na área de projectos de pesquisa de clima organizacional, recrutamento e selecção de profissionais em empresas de médio e grande porte. Forte actuação na área do voluntariado e da responsabilidade social, educação de jovens e adultos, palestras e cursos profissionalizantes utilizando dinâmicas e jogos.

Autora do blog http://elisbsdias.blogspot.com/ e do site www.elisdias.com

1. De onde surgiu o termo “Organizações Positivas”?

R:O termo Organizações Positivas foi definido por David Cooperrider, que é Professor de Comportamento Organizacional na Universidade Case Western, de Cleveleand, Ohio (Estados Unidos) e diz respeito às organizações que se utilizam da metodologia Appreciative inquire, ou Investigação Apreciativa. É uma metodologia de desenvolvimento organizacional baseada na valorização dos colaboradores.

O objectivo básico da Investigação Apreciativa é tornar uma organização melhor, baseada no que ela já tem de bom, ou seja, que essa organização trabalhe utilizando as melhores práticas.

O grande diferencial da metodologia é que ela não fica apenas numa discussão teórica dos problemas da organização, mas faz com que todos os colaboradores possam actuar como força construtiva para uma mudança.

2. De que forma a Investigação Apreciativa actua para tornar uma organização positiva?

R: A metodologia baseia-se em 5 princípios básicos:

  • Construcionista – Onde as organizações são entendidas como construções humanas, ou seja, nossa realidade é construída baseada nas nossas experiências anteriores e, por isso, nosso conhecimento e a organização estão interligados.
  • Simultaneidade – O questionamento e a mudança ocorrem simultaneamente. Quando se faz uma questão a alguém, a pessoa que recebe a questão sofre uma mudança de comportamento. A questão apreciativa favorece a auto-estima. As questões que fazemos são parte do processo de mudança.
  • Político – Ao olharmos uma obra de arte, podemos ter diversas interpretações, com as organizações humanas ocorre a mesma coisa. Como há diversas interpretações, podemos encontrar o que procuramos nas organizações.
  • Antecipação – As pessoas vão para onde se questionam (sonham), assim como as organizações. O recurso mais importante da organização é a imaginação colectiva e o discurso a respeito do futuro. Um dos pontos básicos da antecipação na vida organizacional é que a imagem do futuro é o que, de facto, orienta o comportamento da organização.
  • Positivo – A proposta da abordagem positiva é o que agrega e realimenta a organização. Se as questões a serem feitas forem as mais positivas possíveis, maior será a mudança.

3. O que são as Organizações Positivas?

R: São todas as empresas que possuem em seus princípios de actuação e cultura organizacional desenvolver emoções positivas, optimismo, incentiva a criatividade, valoriza a confiança e a cooperação entre todos os colaboradores, além de trabalhar a resiliência, as relações interpessoais, a empatia, a cidadania, os princípios éticos para com o meio ambiente, a organização, os pares e a comunidade.

4. Como tantas fraudes, downsizings, relações negativas entre pessoas e organizações, chefes tóxicos e o desemprego tão presente no mundo todo, como trabalhar a positividade em tempos de tanta negatividade nas organizações?

R: Não podemos negar que esta negatividade existe, que há empresas e gestores que fazem muito mal aos seus colaboradores, que existem gestões desumanas, mas há luz no fim do túnel. Pois existem diversas organizações, desde PMEs até as gigantes, que optaram por actuar de maneira positiva, que mantêm as melhores práticas de trabalho e pouco se fala delas. O sector de recursos humanos tem papel fundamental neste trabalho, pois deve ser o disseminador da positividade. Deve trabalhar junto aos gestores para que estes sejam líderes e não apenas “chefes”, que acompanhem as equipas, a comunicação interna, ao investimento em formação contínua e principalmente em acompanhar o clima organizacional, fazendo inquéritos anuais e avaliações de desempenho e seu respectivo feedback.

5. Fale sobre o clima organizacional nas organizações positivas.

R: O clima organizacional é algo muito subtil e é reflexo da cultura organizacional, e estão intimamente ligados.

O clima organizacional indica o grau de satisfação de todos os seus colaboradores em diferentes aspectos da realidade organizacional, tais como as políticas de recursos humanos, o modelo de gestão, a comunicação interna, a missão da organização, a valorização dos profissionais e se identificam com a cultura da organização.

Nas organizações positivas deve se estimular o melhor das pessoas, bons sentimentos, boas práticas, como por exemplo, se um colega está em apuros necessitando entregar um relatório, os colegas se dispõem a ficar até mais tarde para ajudá-lo.

As organizações positivas reforçam o optimismo natural das pessoas e suavizam o pessimismo natural de outras.

6. São as organizações que influenciam os fundamentos de positividade?

R: Certamente. Pois são as organizações que influenciam o comportamento de seus colaboradores e dos líderes, que podem se tornar mais autoconfiantes, esperançosos, optimistas, com emoções inteligentes e mais resilientes.

7. Como uma organização pode conseguir isto?

R: De maneira muito simples, a começar pela autonomia aos colaboradores, valorizando suas aptidões, valorizando a autoconfiança que é a base da motivação, valorizando sempre o feedback positivo, celebrar os êxitos. Um ambiente de trabalho vibrante e com energia positiva disseminado também promove a autoconfiança.

8. Como o processo de Coaching pode contribuir com as organizações positivas?

R: O processo de Coaching desenvolve uma auto-reflexão positiva e a auto-responsabilização, além de estimular uma escuta activa, de trabalhar com perguntas poderosas e utilizar técnicas da PNL (Programação Neuro Linguística) que trabalha a positividade, as crenças, os propósitos, a missão de cada um e se está de acordo com a missão da organização.

9. Para concluirmos nossa entrevista, ser uma organização positiva não é muito fácil…

R: A positividade na organização implica em esforço contínuo por parte dos gestores e colaboradores, sacrifícios e saber lidar com as decepções da vida organizacional. Gerir positivamente dependerá dos elementos: confiança, apoio, cooperação, transparência, para que a melhora seja contínua. Não há como descuidar. Optimismo e realismo sempre devem andar juntos.

10. De sua experiência pessoal e profissional o que falta ao homem para ser feliz?

R: Acredito que muitas pessoas esperam que a felicidade venha de fora para dentro, quando o contrário é que é verdadeiro. Já que não podemos modificar o passado e o futuro ainda não chegou, temos o presente que como o próprio nome diz é um presente para fazermos as transformações necessárias e sermos felizes.

O autoconhecimento é a porta para ser feliz, a empatia, a auto-reflexão, o optimismo sempre; apesar de todas as dificuldades que possam surgir em nosso caminho, a esperança, o sorrir, além de participar de algum trabalho voluntário, que traz um bem enorme, pois passamos a ver que muitas das nossas questões ficam pequenas e vemos os nossos problemas sob outra óptica, faz muito bem.

Ame-se, cuide da sua saúde, faça uma actividade física prazerosa, tenha uma alimentação saudável e pensamentos saudáveis.

Jamais deixe de sonhar e de acreditar, contemple o pôr-do- sol, os pássaros cantando, o céu azul, o sorriso de uma criança, seja grato à vida.

Não existe uma fórmula mágica, o importante é ser feliz.

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