quinta-feira, 5 de agosto de 2010

EMPRESAS MAIS HUMANAS - SIM É POSSÍVEL

Informação muito importante que gostaria de partilhar:

Empresas já ajudam os colaboradores a serem pais melhores
quarta-feira, 4 de agosto de 2010

por Daniela Lessa

Conciliar a atividade profissional e a vida familiar sempre foi o dilema das mulheres, habitualmente encarregadas da maior parte dos cuidados com os filhos. No entanto, a exigência da sociedade em relação à participação dos pais na educação das crianças e nas atividades do lar está aumentando. Uma demonstração de que essa ideia ganha consistência é o aumento da concessão, por parte do Poder Judiciário, da guarda compartilhada dos filhos entre pai e mãe nos casos e separação; outra é a ampliação de benefícios relativos ao fato de se ter filho, antigamente concedidos apenas às mulheres, também aos homens.
Segundo consultores, as iniciativas de ampliar benefícios ainda são escassas e, normalmente, partem da proposta dos empregados e não das próprias empresas, mas há exceções. A indústria de defensivos agrícolas Fersol concede, desde 2003, licença-paternidade de até três meses, sendo dois meses de licença e um de férias, e auxílio-creche de até um salário mínimo mensal, enquanto a lei determina que o auxílio seja de R$ 150 reais por mês. Além disso, a empresa está discutindo internamente a concessão do benefício de estabilidade de emprego para os pais enquanto sua mulher estiver grávida.
O presidente licenciado da empresa, Michael Haradom, acredita que essas iniciativas são importantes para que se possa efetivamente promover uma igualdade de gênero na sociedade e quebrar o ciclo vicioso no qual apenas a mãe cuida do bebê e o pai é o provedor da casa. “Essa estrutura faz com que as crianças aprendam que os dois sexos são diferentes, o que acaba por reforçar a diferença de gênero”, reflete o executivo. Assim, em sua visão, conceder a licença-paternidade é uma forma de garantir que o pai seja visto como alguém que cuida, faz carinho e é tão responsável quanto a mãe pelo desenvolvimento da criança.
A concessão do auxílio-creche além do estabelecido por lei também tem uma razão de ser. “Se a criança fica na creche e depois com avó, tia, parente etc., oferecemos R$ 200 de auxílio; mas se a criança vai para uma escola que tem creche, oferecemos R$ 515 (que é o salário mínimo) porque queremos incentivar a ida da criança para um ambiente no qual ela se socialize e se desenvolva em vez de ficar em casa vendo televisão”, explica Haradom.

Pais "grávidos"
A estabilidade de emprego para os pais “grávidos” e as demais iniciativas têm o objetivo de demonstrar que a empresa acolhe o empregado que tem família e que ela não é um empecilho para a formação e o crescimento dessa família.

Segundo Haradom, os benefícios oferecidos pela companhia estão alicerçados por sua visão de gestão, segundo a qual a empresa tem uma série de direitos comerciais, mas também tem obrigações e responsabilidades com a sociedade. “As empresas dizem que sua contribuição é dar empregos e pagar impostos, mas não se pode glamourizar essa contribuição porque ninguém dá empregos; as empresas criam postos de trabalho para produzir bens dos quais elas mesmas se apossarão da maior parte do valor; assumir compromisso social é contribuir para o bem-estar das pessoas, para a justiça de gênero e social etc.”, afirma.
Contrário à idéia de que conceder benefícios compromete a lucratividade da empresa, Haradom explica que é melhor ter um funcionário com uma baixa planejada do que ele ter que sair em situações de urgência. No caso das licenças paternidade e maternidade, o executivo explica que o fato da criança ter o apoio do pai e da mãe nos primeiros meses de vida faz com que as crianças tenham um desenvolvimento mais saudável física e mentalmente e, consequentemente, seus pais sejam menos solicitados para levá-los a médicos ou a reuniões escolares por mau comportamento, por exemplo.

Além disso, colaboradores satisfeitos são mais produtivos e, finalmente, na visão de Haradom ao gerir a empresa de forma socialmente responsável, o empresariado contribui para as futuras gerações. “O lucro está em tudo, está em ter uma sociedade melhor para nossos filhos e netos e isso é muito mais significativo do que o que pode estar em um cofre”, resume.

Rede de apoio familiar
Embora a visão de Haradom seja moderna e acolhedora às famílias, essa realidade não é a mais comum nas empresas, segundo afirma a consultora Célia Spangher, da Maxim Consultoria. Na sua experiência, o movimento tem sido o contrário: não só os pais têm pouca compreensão da empresa para levar os filhos a médicos ou para atender a demandas escolares das crianças, quanto as mulheres também não são compreendidas nessa necessidade. “A maioria precisa ter uma rede de apoio, com avós, irmãs, empregadas etc. ou vão sofrer com o descontentamento dos patrões”, afirma.

No caso do colaborador ser do sexo masculino, a incompreensão é ainda maior. Segundo Célia, a visão dos empresariado é sexista mesmo e o discurso dos gestores, embora velado, costuma ser: “Mas o seu filho não tem mãe?”. Ou seja: se os patrões se incomodam com as incumbências femininas da maternidade; se incomodam duas vezes mais com as incumbências masculinas da paternidade.
Ela ressalta, entretanto, que há uma tendência à humanização nas empresas e que algumas procuram oferecer maior qualidade de vida para os colaboradores e essas, diz, têm maior chance de sucesso no futuro, uma vez que há uma transformação na sociedade. “A empresa que abraça seu funcionário, faz com que este abrace o cliente e todos abracem o negócio da empresa”, analisa.
Célia também observa que a desconfiança de alguns patrões a respeito das justificativas dos colaboradores para faltas ou atrasos precisam ser avaliadas em conjunção com outros comportamentos. Segundo ela, um funcionário que mente e “mata a avó” para não ir ao trabalho já tem outros comportamentos de desleixo com suas atividades, dispersão e desinteresse e já está realmente insatisfeito.

Negociações coletivas
A advogada Ana Amélia Camargos, presidente da Associação dos Advogados Trabalhistas de São Paulo (AATSP), comenta que tem visto negociações coletivas em que são incluídos termos que garantem alguns direitos antes restritos às mães, também aos pais. Por exemplo, há uma presunção de que a falta para levar a criança ao médico é justificável, o responsável pela tarefa pai ou mãe. O auxílio-creche também têm sido fornecido para quem tem a guarda da criança, independente de ser homem ou melhor.
Segundo Ana Amélia, o fato é que não há propostas partindo das empresas, mas também há resistência por parte delas quando os colaboradores exigem os benefícios relativos à paternidade

Retirado do site: www.canalrh.com.br

2 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Elis querida, pra variar estamos em sintonia. Acabo de ler uma matéria sobre o mesmo assunto, enviada pela Carol. Me alegro que esse tema esteja em pauta, cada vez mais. Ainda temos muito que evoluir no quesito divisão de tarefas entre marido e mulher, mãe e pai. Inúmeras são as sequelas psíquicas geradas para filhos criados por apenas um dos progenitores, sem que pra isso eles precisem estar divorciados. Basta um pai ou uma mãe muito ausente pra gerar demandas. Vamos que vamos equilibrar esse TAO! <3