sábado, 19 de junho de 2010

A MISÉRIA JÁ TEVE UMA "FUNÇÃO SOCIAL" - ARNALDO JABOR




Li este texto e achei muito crítico e pertinente. Gosto muito do Arnaldo Jabor, cineasta, crítico, diretor de cinema brasileiro. . Enfim, alguém que pensa muito o Brasil. Li essa matéria dele publicada no jornal "O Globo". Não dá pra ficar indiferente, esperando as coisas "melhorarem sozinhas" ou apenas reclamando desse ou daquele governo. Vivendo aqui em Portugal, vejo que tem pobreza, sim, e muita. Existem , muitas pessoas a pedirem nas ruas, pessoas dormindo nas praças, enfim, vivendo em situações de pobreza. Mas no Brasil até por ser como os próprios portugueses dizem um "continente" a miséria é muito clara e evidente.
Façamos nossa parte de alguma forma para contribuirmos para esta mudança.Chega de apenas reclamarmos.Ação já.
Partilho o texto com todos.

Falar da miséria nos alivia porque, para nós, os bacanas, a miséria é apenas um problema existencial. Muitos artistas e intelectuais que falam na miséria como tema de livro ou filme, ou políticos que usam miséria como curral eleitoral, ganham dinheiro ou votos com a miséria dos outros. Ou seja, a miséria dá lucro.
Na verdade, para entendermos o horror que nos envolve, temos de analisar os que “não” são miseráveis, a burguesia, as classes médias, a estrutura do País, a formação torta do Estado.
Quem quiser fazer uma tese ou ficção sobre o atraso nacional tem de estudar os “formadores” da miséria – os séculos de oligarquias e patrimonialismo. Um estudo psicológico sobre alguns de nossos principais lideres políticos explicaria mais o País do que cem volumes economicistas. Nós fazemos parte da miséria brasileira. Em nós, e não nos morros e periferias, está o segredo, ou melhor, a explicação para a ignorância e o desabrigo de nosso povo.

A miséria de nossa formação não atingiu apenas os escravos libertos, os sub empregados, os analfabetos. A miséria atingiu a todos nós. Não na blindagem de nossos carros apavorados, mas na blindagem de nossos corações contra o lado de fora da vida. Não basta sofrermos com o “absurdo” da miséria. Ela é uma construção minuciosa feita por um sistema complexo. A miséria não é absurda, ela é uma produção.

Há alguns anos, a miséria era vista com vagos sentimentos caridosos. Ela era até idílica, nas “favelas dos meus amores”. Tolerávamos tristemente a miséria, desde que ela ficasse longe, quieta, sem interferir na santa paz de nosso escândalo. A miséria tinha quase uma... “função social”.

Contra nossa vontade, hoje sabemos que a miséria se entranha em nosso egoísmo, na busca maníaca de felicidade e prazer, esquecendo a existência do “outro” – este ser longínquo e desagradável. Pouquíssimos de nós pensam como o imperador filósofo Marco Aurélio: “O que é bom para a abelha tem de ser bom para a colmeia”.

Além disso, a miséria não está apenas naqueles que se lixam para ela, mas também nos que se acham seus “proprietários”, que a consideram seu latifúndio ideológico.

Existe a política da miséria dentro da miséria de nossa política. Transformar a miséria em bandeira, sem entender o conjunto que nos inclui, usar a miséria para uma simplificação oportunista de “ricos e pobres”, usar a miséria como um divisor de águas para a complexidade de nossos problemas é uma atitude miserável e resulta nos vexames a que temos assistido neste governo, que tem o alívio hipócrita de ser “contra” ela – isso justificou roubalheiras, crimes e mentiras, legitimou a invasão do Estado pelos “amigos” do povo, que fazem sucesso junto aos ignorantes que adulam na mídia da política virtual. Os pelegos sempre se disfarçaram de pobres.

A miséria está nos “sanguessugas”, está nas emendas espertas ao orçamento, está na sordidez do sistema eleitoral, está na falsa compaixão dos populistas, está nas caras cínicas, torpes, “lombrosianas” dos ladrões congressistas , está na lei arcaica e sem reformas, está na atitude olímpica e gelada de juristas impassíveis, está nos garotinhos na rua e nos garotinhos da política.

Mas, o tempo passou e a miséria cresceu – a espuma suja na champanha do progresso. Com o avanço da indústria de armas, das drogas, da internet, a miséria foi tocada pela evolução do capitalismo e começou a se modernizar. A violência é, de certa sinistra forma, um “upgrading” na miséria, antes tão dócil. A violência nos pegou de surpresa, com velhas armas. Ninguém sabe o que fazer. Antes, os governantes oscilavam entre a repressão sangrenta, entre a queima de favelas ou a construção de guetos. Mas hoje, a miséria é grande demais para ser erradicada. Somos miseráveis porque poderíamos ter um País muito melhor e não sabemos fazê-lo. A miséria habita nosso egoísmo, nossa cegueira proposital em não ver o mal e a dor dos desvalidos.

É miserável nossa fome de consumo supérfluo, é miserável nossa angústia por pequenos problemas, nossas neuroses de mínimas causas, é miserável o que pagamos a empregados frágeis, é miserável nossa ideia de posse no amor e no sexo. Somos miseráveis porque até os ricos poderiam lucrar com a justiça social, mas eles só pensam a curto prazo, somos miseráveis na alma, em nossa amarga alegria, em nossa ignorância política, em terrores noturnos, em síndromes de pânico, em noites vazias nos bares ameaçados, nos perigos das esquinas, em amores despedaçados, a miséria está no esforço para esquecê-la, no narcisismo deslavado que aumenta entre as celebridades, na ridícula euforia das sacanagens e nas liberdades irrelevantes.

A miséria está até na moda – vejam este texto de um catálogo “fashion”: “Use uma calça bacana, toda desgastada, bata na calça com martelo, dê uma ralada no asfalto, ou esfregue a calça com lixa, ou por fim, atropele seu jeans, passe por cima dele com o carro (blindado?). A moda pede peças puídas, como ficam depois de um ataque das traças ou baratas. E se você tem algo a dizer sobre a vida, diga com sua camiseta, nas estampas com frases no peito...”

Só que antes, só falava de miséria quem não era miserável, só falava em “fome” quem comia bem. Agora, os miseráveis nos olham e nos criticam.

Hoje, a miséria desfila nas ruas ameaçadoramente, de sandália, bermudas e corpo nu. Não se esconde pelos cantos mendigos. Nossas elites desatentas estão mais ligadas e percebem aos poucos que nós é que temos de nos reformar. Não tem mais jeito, a miséria tem de ser integrada a nossas vidas. Temos de conviver com ela, pois também somos miseráveis.

E mais: os miseráveis não esperam nada de nós ou dos governos. Estão indo à luta. Não resolveremos nada. Eles é que vão fazer isso. A miséria está nos modernizando.
OBS: A imagem deste post é de um livro que ainda não li, mas está nas minhas próximas leituras e comentários que partilharei com vocês.

terça-feira, 15 de junho de 2010

O QUE É O SUCESSO?



Recebi esta mensagem de uma amiga e partilho com todos.

O QUE É O SUCESSO?
Rir muito e com freqüência;
ganhar o respeito de pessoas inteligentes
e o afeto das crianças;
merecer a consideração de críticos honestos
e suportar a traição de falsos amigos;
apreciar a beleza,
encontrar o melhor nos outros;
deixar o mundo um pouco melhor,
seja por uma saudável criança, um canteiro de jardim
ou uma redimida condição social;
saber que ao menos uma vida respirou
mais fácil porque você viveu.
Isso é ter tido sucesso.

Autor: Ralph Waldo Emerson

sábado, 5 de junho de 2010

A PAZ EM VOCÊ


A paz em você

A palavra paz costuma estar nos discursos de todas as pessoas.

Seja o político influente, o religioso, a mãe de família, o patrão ou o empregado, todos afirmam desejar a paz.

Contudo, é comum a percepção de que a paz é algo que se produz no exterior e por obra de outros.

Deseja-se a paz à custa de atos alheios.

Se ela não se faz presente, entende-se que a culpa é de terceiros.

Culpa-se o governo pelos estrépitos das ruas.

Culpam-se os políticos pela cultura de desonestidade que prejudica a tranquilidade.

Sempre são os outros os responsáveis.

Entretanto, toda realização legítima e duradoura começa no indivíduo.

As ideias surgem nas mentes de alguns, alastram-se, convertem-se em atos e gradualmente tomam corpo no meio social.

Toda conquista positiva perfaz esse caminho para se converter de ideia de poucos em realidade de muitos.

Com a paz não pode ser diferente.

Mas, em relação a ela, ainda há uma peculiaridade.

A genuína pacificação se opera no íntimo do ser.

O exterior tumultuado pode constituir um desafio à preservação da harmonia interior.

Ocorre que o silêncio do mundo não induz à paz interna.

Em geral, quem tem a consciência pesada busca se agitar bastante, a fim de não se deter na própria realidade.

Como algo interno, a paz legítima é uma construção pessoal e intransferível.

Ninguém se pacifica à custa do semelhante.

Um ser iluminado pode dar exemplos, conselhos e lições.

Contudo, pacificar-se é um processo de dignificação, que só o próprio interessado pode realizar.

Ele pressupõe a compreensão de que atos indignos sempre têm tristes consequências.

Ninguém adquire plenitude interior sem agir com dignidade e sem dominar seus pensamentos e sentimentos.

A entrega ao crepitar das paixões apenas complica a existência.

Os gozos mundanos são momentâneos, ao passo que a lembrança do que se fez dura bastante.

Não há como viver em paz e desfrutar de vantagens indevidas, prejudicar os semelhantes e fazer o que a consciência reprova.

O requisito básico da paz é a tranquilidade de consciência.

Para isso, é preciso tornar-se senhor da própria vontade.

Hábitos de longa data não somem em um repente.

Enquanto eles são dominados, a vontade precisa ser firme.

Para não viver torturado por desejos ilícitos, também se impõe deter o olhar no que de belo há no mundo.

Sem angústia, mas com a firme intenção de corrigir-se aos poucos, direcionar a própria atenção e o próprio querer para atividades dignas.

Devagar, surge o prazer de ser trabalhador, digno e bondoso.

Como resultado, faz-se a paz no íntimo do ser.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.

Em 19.03.2010.

terça-feira, 1 de junho de 2010

PESSOAS COM MAIS DE 40 ANOS E O MERCADO DE TRABALHO

Trabalhando como Consultora de Recursos Humanos e com Aconselhamento de Carreiras, encontro muitas pessoas me trazem a queixa de não conseguirem emprego por serem consideradas "velhas" para o mercado de trabalho.
Sim, realmente existem empresas que só querem em seu quadro jovens iniciantes, mas por que? Porque os salários são mais baixos ou por que querem formar alguém, são muitos os motivos.
Acompanho sempre sites de busca de emprego aqui em Portugal e já encontrei coisas absurdas, como uma vaga que pedia pessoas com idades entre 23 e 27 anos. Algo muito estranho...por que não estabeleceram de 20 a 30 anos por exemplo? Como podemos saber? Não podemos. Foi um critério estabelecido pela empresa ou pelo perfil estabelecido. Há também o limite de 35 anos, como se depois dessa idade a pessoa estivesse fadada a nunca mais pertencer aos "quadros" de nenhuma outra empresa.
Gosto muito de fazer a comparação com o Brasil. Quem disse que lá não acontece isso? Óbvio que sim, basta apenas que a economia se retraia.
Conheci muitas pessoas com currículos maravilhosos no Brasil com experiência idem e que o mercado considerava velho. Puro preconceito. Ficaram desempregados por um tempo, mas não desistiram, começaram acionar sua rede de contactos, muitos viram nesse período a oportunidade de se lançarem como consultores, de estudarem, de se qualificarem mais, de curtirem mais a família, de viajarem, fazr um trabalho voluntário. Outros com o aquecimento da economia voltaram para suas empresas anteriores. Não dá pra dizer todas as pessoas com mais de 40 anos, não mais encontrarão emprego. Isto é uma crença limitante e muito determinismo. É num momento de crise que podem surgir grandes oportunidades.
O que é facto para manter sua empregabilidade em alta estude, cultive uma atitude positiva perante a vida sempre, acione familiares, os amigos, os ex- colegas de trabalho. Desenvolva uma atitude empreendedora. As melhores vagas não se consegue em anúncios de jornal, elas vem por indicação de um amigo que lembrou de você naquele momento(tanto aqui como lá). Veja os sites de emprego, os centros de emprego.Sim a procura de emprego é uma busca incessante. As hipóteses de se conseguir algo aumentam, quanto mais conhecemos e acionamos nossa rede de contactos ou networking.
Para os que procuram emprego em Portugal e ainda não encontram, não desistam, é certo que a Economia vai melhorar, não a mal que dure para sempre.
Para o Brasil a economia está aquecendo e já se fala de apagão da mão de obra, então emrpesas e responsáveis pelos departamentos de RH, chega de preconceito, vamos colocar os milhões de desempregados para trabalharem.