Uma das coisas que mais gosto de observar é como muitas vezes dizemos e ouvimos a seguinte frase: "Não tenho tempo". Se calhar é talvez uma das expressões mais ouvidas nos últimos anos principalmente porque somos tentados e cobrados a todo instante a fazer inúmeras coisas ao mesmo tempo. Detesto dizer "não tenho tempo" mas assumo que em alguns momentos falo. Muitas vezes equalizamos mal nosso tempo, em outros momentos procrastinamos mesmo ou seja empurramos pra depois aquilo que devia ser feito de imediato. Pode ser algo como lavar a louça do jantar, escrever um livro, uma tese ou atualizar o blog . Por que isso acontece? Certamente por não sabermos dimensionar bem o tempo. Alguns podem alegar que dá a maior preguiça fazer algo que não seja prazeroso de imediato. Mas nem tudo na vida gera prazer imediato.
Li uma notícia que me deixou chocada e tem tudo a ver com a questão da falta de tempo e com a pouca valorização que algumas organizações têm por seus chamados "colaboradores" e que estes muitas vezes se encantam por esse vírus que de certa forma dá um certo ar de "eterna ocupação". A empresa France Telecom, gigante das telecomunicações francesa teve desde 2008, 25 funcionários que se suicidaram, além de 13 que tentaram se matar e não conseguiram. Não sei os pormenores do caso, mas o que foi noticiado é que as condições de trabalho não eram as mais amigáveis. Claro que isso por si só não seria motivo para acabar com a própria vida. O facto é que pelo que foi dito é que as pessoas que lá trabalham ou trabalhavam se sentiam absurdamente pressionadas. Pressão e ambiente corporativo andam juntos, muitos podem alegar. Será mesmo que é necessário ficar conectado 24 horas, acordar no meio da noite para checar e-mails, além de dormirem coladas ao telefone, falarem ao celular(telemóvel) até quando vão fazer suas necessidades?É necessário? Acredito que não.
O que está acontecendo? Não sei os reais motivos do suícidio em massa dos funcionários da France Telecom, mas penso que devemos fazer uma reflexão se não conseguimos mais ficar em silêncio com nós mesmos, mesmo que a profissão exija ser achado, localizado, há de se ter momentos de paz e um encontro com nós mesmos.
Vale pensar porque estamos agindo assim. Pressão profissional ou status social? Veja como sou ocupado...